O artigo abaixo é de minha autoria e foi publicado na Rev. Cambiassu, São Luís, v.15, n.17, julho/dezembro 2015
PERFORMANCES DOS EMPREGADOS NOS PALCOS ORGANIZACIONAIS: uma análise goffmaniana da coluna “Identidade”
Dôuglas Aparecido FERREIRA - Publicitário. Professor da UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais. Mestrando em Comunicação Social – Interações Midiáticas (PUC-Minas). Membro pesquisador do Grupo DIALORG - Comunicação no Contexto Organizacional: aspectos teórico-conceituais e EPCO – Grupo de Estudos e Pesquisas das Poéticas do Cotidiano. Especialista em Gestão de Marcas e Identidade Corporativa (PUC Minas). douglas.ferreira@uemg.br.
Resumo
Este artigo se propõe a
desenvolver uma reflexão sobre a relação entre empregados e organizações, a partir
da análise de uma coluna em um informativo interno. Parte-se do pressuposto que a organização e os
empregados são atores performáticos (GOFFMAN, 2013), que montam e se apropriam
dos palcos de atuação para provocar uma impressão da realidade em sua plateia
(WOOD JR., 2001). A perspectiva de Goffman se atualiza quando se aproxima de
outras contribuições conceituais vindas dos estudos da midiatização e da
espetacularização da sociedade. Nesse sentido, será desenvolvida uma
articulação entre esses três conceitos para o entendimento das performances dos
empregados nos palcos das organizações.
Palavras-chave:
Palco. Performance. Comunicação Organizacional. Apropriações.
1.
Abrindo as cortinas
Este artigo tem por
objetivo refletir sobre a relação entre empregados e organizações a partir da
perspectiva do sociólogo Erving Goffman (2011, 2013). Esse pesquisador é
conhecido por utilizar em sua obra a metáfora teatral para explicar as
interações sociais cotidianas. Segundo Nunes (2005), Goffman acreditava que a
dramaturgia poderia ajudá-lo a descrever as técnicas do controle de impressão,
a identidade e as relações dos diversos grupos que desempenham papéis em um
ambiente social. Portanto, suas contribuições investigativas se tornam também
relevantes para o entendimento das complexas relações de poder no contexto
organizacional. “O ponto central da análise de Goffman é como o indivíduo
apresenta a si mesmo nas situações do dia-a-dia, buscando o controle sobre a
impressão que causa” (WOOD JR., 2001, p. 47). Ao empregar esse modelo
metodológico em seus trabalhos, Goffman desenvolveu em suas pesquisas um
conjunto de terminologias próprias derivadas de expressões recorrentes ao mundo
do espetáculo: atores, plateia, performance, palco, fachada, espetáculo e bastidores
são termos recorrentes na obra do autor.
Por mais que as
investigações sociológicas de Goffman destacassem as interações em situação de
co-presença, sua teoria também se mostra aplicável em outros processos de
interação.
Goffman dirigiu sua
atenção e seus estudos para as interações cotidianas, para as relações face a
face, mas suas categorias analíticas – fachada e fundo; manter a face;
enquadramento (quadros de sentido, ou frames), entre outras – se mostraram
propícias para serem utilizadas em outros formatos interativos, tais como as
interações em grupo ou midiáticas. (FRANÇA, 2006, p. 80).
Especificamente neste
trabalho, será resgatado o conceito de “palco” a partir de Goffman. Para o autor,
o palco é montado visando “um tipo de jogo de informação, um ciclo
potencialmente infinito de encobrimento, descobrimento, revelações falsas e redescobertas.”
(GOFFMAN, 2013). O caráter processual dessa perspectiva é importante para o
entendimento do palco como uma ocorrência que transcende a dimensão do tempo e
do espaço. O palco pode se dar em curtos momentos ou se alongar por anos, pode
acontecer presencialmente ou virtualmente. As performances que ali são realizadas
reverberam em trocas simbólicas infinitas entre atores e plateia. Afinal, “o
mundo todo não constitui evidentemente um palco, mas não é fácil especificar os
aspectos essenciais em que não é.” (GOFFMAN, 2013, p. 85).
As
abordagens goffmanianas se aproximam dos estudos do interacionismo simbólico ao
reconhecer que as circunstâncias das interações são fundamentais para que os
indivíduos selecionem o papel mais apropriado para ser desempenhado (NUNES,
2005). A contextualização é um vetor fundamental nas pesquisas de Goffman.
Afinal, toda interação está inscrita em uma conjuntura situacional e acaba
sendo ordenadora dos demais elementos que compõe a cena, as expectativas dos
atores e da plateia e os sentidos que ali são construídos e disputados.
A perspectiva apresentada servirá de embasamento
teórico-conceitual para uma investigação qualitativa das performances dos
empregados através da análise do conteúdo da coluna “Identidade”, publicada em um
informativo interno de uma organização de Belo Horizonte, MG.
Para a análise deste objeto empírico, este estudo
recorre também a trabalhos de autores que tratam dos fenômenos da
espetacularização (DEBORD, 1997), (WOOD JR., 2001) e midiatização da sociedade
(BRAGA, 2006), (FAUSTO NETO, 2008), (HJAVARD, 2012), numa tentativa
metodológica de atualizar a metáfora teatral de Goffman (2011, 2013), tecendo
entrelaçamentos teóricos entre esses três conceitos.
2.
A
apropriação do informativo “Mais Comunicação” como oportunidade de construção
de uma impressão da realidade
O informativo “Mais
Comunicação” é um veículo interno de uma distribuidora de peças para bicicletas
e motos, que atende a todos os estados brasileiros, e está sediada em Belo
Horizonte/MG. A empresa é de médio porte e tem aproximadamente 40 empregados,
de diversos setores (vendedores, designers, publicitários, analistas de
sistemas, contadores, jornalistas, serviços gerais, seguranças,
administradores, entre outros).
O “Mais Comunicação” tem
oito páginas e sua estrutura se assemelha a de um produto jornalístico, tanto
pela linguagem e estrutura usada nos textos quanto pela diagramação das páginas.
Nele, há colunas de conteúdo genérico (geralmente copiados de sites da
internet) e outros exclusivos, que contam com a participação dos empregados.
As edições mensais são
fixadas no mural de avisos da organização. Posteriormente, é também enviada uma
cópia digital por e-mail para os empregados. No expediente do informativo está
descrito que a editoração gráfica e a redação das matérias são de responsabilidade
do setor de Marketing, enquanto o conselho editorial é presidido pelo gestor do
setor de Recursos Humanos.
O esforço de manter um
informativo interno, que convoque a participação do empregado, aponta para um
fenômeno que, de modo geral, afeta grande parte das organizações atualmente.
Nos ambientes organizacionais
contemporâneos, a ação substantiva está dando lugar à manipulação da imagem.
Mats Alvesson relaciona essa transição – da substância à imagem – a quatro
tendências: mudanças culturais, aumento da complexidade e turbulência, expansão
do setor de serviços na economia e expansão do papel da mídia. (WOOD JR. 2001,
p. 148).
A proeminência do mundo
simbólico na contemporaneidade pode ser percebida nas estratégias oficiais de
comunicação das organizações. O uso de recursos comuns aos espetáculos
midiáticos, como as construções de enredos organizacionais que parecem novelas
da TV ou roteiros de blockbusters
hollywoodianos, contribui para tornar os discursos ainda mais atrativos,
sedutores e superficiais. Esse cenário, carregado de simbolismos, é aqui
entendido a partir da perspectiva de um processo social que vem ganhando
destaque nas pesquisas mais recentes em comunicação: a midiatização.
Fausto Neto (2008) lembra
que a mídia tem se tornado um elemento central na sociedade contemporânea e a
sua presença de destaque afeta diretamente as relações sociais. “A cultura
midiática se converte na referência sobre a qual a estrutura
sócio-técnica-discursiva se estabelece, produzindo zonas de afetação em vários
níveis da organização e da dinâmica da própria sociedade.” (FAUSTO NETO, 2008,
p. 93). Essa afirmação aponta para o fato de que a mídia não é um elemento
deslocado da sociedade e, por isso, contribui para novas formas de interações,
mesmo aquelas que não são propriamente mediadas pelos aparatos midiáticos.
Braga (2006) destaca que
a midiatização dá o tom aos demais processos da sociedade e, portanto, interfere
em outros campos sociais. Sendo assim, pode-se inferir que o modus operandi da mídia também afeta o
âmbito organizacional.
Atualmente, a lógica
midiática tem perpassado os outros campos sociais num processo conhecido por
midiatização e, nesse processo, a comunicação organizacional cada vez mais se
utiliza de estratégias provenientes do campo da mídia. O ambiente midiatizado
cria novos fluxos de comunicação e novos formatos organizacionais para as
instituições. Criam-se, também, novas mediações e interlocuções entre as
organizações e a sociedade, nas quais a ambiência midiatizada é peça
fundamental e legitimadora de um processo permanente de construção identitária
e cultural. (BARRICHELO, 2014, p. 42).
A partir dos conceitos
até aqui apresentados, pode-se notar que a midiatização interfere não só na
constituição e desenvolvimento das organizações, como também na lógica e nas relações dos interlocutores com as
quais elas se relacionam. Este artigo, foca nos
processos interativos entre organizações e empregados, a partir do
pressuposto que estes últimos também se constroem e se relacionam através da
lógica midiática, já que não são sujeitos deslocados de uma sociedade em que a
midiatização vem se tornando um processo interacional de referência (BRAGA,
2006). Portanto, são também sujeitos midiatizados.
O contexto midiatizado
das organizações oportuniza que uma série de performances de interação aconteçam
frequentemente nesse ambiente. Frequentemente, as performances acontecem nas
ações oficialmente planejadas e desenvolvidas pela organização, como o
informativo “Mais Comunicação”, por exemplo. Nele, verifica-se que a gestão e os
empregados se utilizam de estratégias e táticas para construir, através da
linguagem, dos discursos, das imagens e dos símbolos, uma impressão que lhe
seja satisfatória e, consequentemente aceita pela sua plateia.
A fim de evitar que aconteçam
incidentes e o embaraço consequente, será necessário que todos os participantes
da interação, bem como aqueles que não participam, possuam certos atributos e
os expressem em práticas empregadas para salvar o espetáculo. Esses atributos e
práticas serão passados em revista sob três subtítulos: as medidas defensivas
usadas pelos atores para salvar seu próprio espetáculo; as medidas protetoras
usadas pela plateia e pelos estranhos para ajudar os atores a salvar seu
espetáculo; e, finalmente, as medidas que os atores devem tomar para tornar
possível o emprego, pela plateia e pelos estranhos, de medidas protetoras em
favor dos atores. (GOFFMAN, 2013, p. 229).
Nessas oportunidades performáticas,
Goffman (2013) lembra que o ator pode esconder do público suas verdadeiras
crenças, nem sempre interessado em iludir ou enganar a plateia, mas motivado
por aquilo que ele julga ser o próprio bem desta, ou o bem de todo o
espetáculo.
Esse movimento de
adequação das performances para satisfazer os anseios da plateia sinaliza o
reconhecimento da alteridade e de sua importância no processo de comunicação.
Ao aceitar a existência do outro (a plateia) e ajustar continuamente a sua
performance a ele, o ator denota o caráter processual da comunicação. Afinal, a
processualidade de uma interação “(...) não é composta de um ato, mas de fases,
em que cada uma orienta e se reorienta pela seguinte.” (FRANÇA, 2013, p. 91). Goffman
parece compartilhar desta mesma perspectiva processual ao afirmar que “quando
um indivíduo chega à presença de outros, este, geralmente, procura obter
informações a seu respeito ou traz à baila as que já possui. ” (2013, p. 13).
Esses ajustes performáticos ao contexto serão analisados a seguir a partir do
conteúdo da coluna “Identidade” do informativo “Mais Comunicação”.
3.
O
palco
Para compor o corpus
deste artigo, será analisada qualitativamente a coluna “Identidade” em três
edições do informativo “Mais Comunicação”, publicadas no primeiro semestre de
2012. A escolha dessas edições objetiva contemplar a participação de empregados
que exercem funções administrativas em três níveis hierárquicos distintos:
supervisor, assistente e estagiário. Acredita-se que esse recorte possibilitará
a investigação da apropriação do palco em diferentes camadas da estrutura
organizacional.
No “Mais Comunicação” há
uma coluna fixa chamada “Identidade”. Seu conteúdo se resume basicamente na
apresentação do nome, função e foto do empregado entrevistado, acompanhados por
um texto de meia página.
Nas três edições
analisadas (fevereiro, março e abril), três mulheres foram entrevistadas. A
partir do conteúdo textual analisado, percebe-se que o objetivo da coluna é que
o entrevistado indique os valores organizacionais que mais se identifica.
Talvez, daí o motivo da coluna se chamar “Identidade”.
Na página da organização na
internet, ela se coloca como
norteada por oito valores: ética em todas as ações; profissionalismo e
simplicidade; agilidade e objetividade; austeridade para lucratividade; valorização
e desenvolvimento das pessoas; comprometimento e visão analítica para
resultados; parceria e cooperação e pró-atividade e visão de futuro.
Figura 1: Printscreen da coluna “Identidade”
versão digital
Fonte: COLUNA
IDENTIDADE. Mais Comunicação, edição fevereiro/2012
Nota-se, no conteúdo
analisado, uma preocupação em publicar, na coluna, fotografias em que o empregado
aparenta estar feliz, mas nunca de maneira muito informal. Nas edições
analisadas, as entrevistadas estão olhando fixamente para a câmera, com um
aspecto de alegria que pode ser associado a uma possível realização
profissional. Elas trajam roupas discretas, geralmente em tons pretos ou
brancos, sem o uso de decotes ou tecidos transparentes. As fotografias não
foram produzidas no âmbito organizacional. O plano de fundo geralmente é
composto por um cenário que nada lembra os objetos de um escritório. A
qualidade da imagem nem sempre é boa. Essas características reforçam a
possibilidade de que as fotografias são de uso pessoal e foram escolhidas e
fornecidas pelas entrevistadas para ilustrar a coluna. Provavelmente, a partir
de uma solicitação da organização.
O texto intercala trechos
escritos em terceira pessoa e depoimentos em primeira pessoa, sinalizados por
aspas. Esses fragmentos com as falas dos empregados serão o foco desta análise,
a partir do pressuposto que neles estão presentes elementos que apontem o momento
de apropriação performática de um palco oficial da organização (o informativo
interno) para a projeção de uma impressão que beneficie o ator (o empregado).
Cabe ressaltar que um
conceito mais amplo do termo “apropriação” foi adotado neste artigo. Aqui, “apropriar-se”
não está relacionado a ideia de invasão ou rebeldia, até porque, em contextos
organizacionais, esses comportamentos transgressores são inapropriados e seus
riscos são conhecidos pelos empregados, o que não impossibilita sua execução,
apenas as tornam menos frequentes. O foco aqui é outro. “Apropriar-se” remete à
oportunidade dada ao ator de realizar uma performance em um palco alheio e, a
partir disso, se utilizar dessa concessão para dar visibilidade a uma atuação
que lhe traga vantagens no ambiente organizacional. Em outras palavras, mesmo
que o empregado perceba a necessidade de apresentar-se com um discurso
devidamente alinhado ao da organização, e ele cumpra essa expectativa, não
deixa de ser uma ocasião de apropriação para a autopromoção, a partir do
pressuposto que isso possa lhe trazer vantagens à sua carreira profissional
como, por exemplo, promoções de carreira, aumentos salariais, reconhecimento de
seus superiores, “bom-mocismo”, imagem de funcionário modelo, etc.
A simulação da aceitação da ordem
dominante e do respeito pelas normas do discurso público, com os seus gestos e
rituais de deferência e de respeito, deve, então ser vista como um teatro em
que se encena a submissão e a partilha das normas e regras das elites
dominantes, não só com o objetivo da salvaguarda e proteção dos dominados, mas
também, em muitos casos, como formas da retórica com que estes tentam obter
vantagens decorrentes da invocação das normas que permeiam o discurso oficial,
em particular do paternalismo invocado pelos grupos dominantes. (FERREIRA; SÁ,
2013, p. 8).
Na
coluna “Identidade”, do mês de fevereiro, é possível identificar traços de uma
performance planejada e executada de forma calculada pelo ator no intuito de
satisfazer sua plateia e conseguir benefícios através disso. Essa proposição se
evidencia na tentativa da entrevistada (figura 1) de invocar o discurso oficial
da organização em sua fala.
É fundamental ter visão de futuro para alcançar resultados. E a nossa empresa é assim.
Tudo o que fazemos no presente, é porque vislumbramos um resultado lá na frente. Não fazemos nada por acaso, fazemos sempre
com um objetivo concreto, onde
queremos chegar. E a pró-atividade é
importante, porque precisamos nos antecipar aos acontecimentos. Precisamos ser
sempre ativos e não reativos. Isso é um diferencial de mercado. (COLUNA
IDENTIDADE, 2012a, p. 5, grifo nosso).
O
esforço da entrevistada em usar as mesmas palavras ou pelo menos com
significados parecidos daquelas que compõem os valores oficiais da organização
é uma estratégia que demonstra sua preocupação em se apropriar do palco de
forma adequada para o seu benefício e para satisfazer as expectativas de sua
plateia. Certamente, qualquer violação dessa expectativa seria censurada pelo
conselho editorial do informativo, todavia, a performance não deixa de ser uma
oportunidade para o ator provocar uma impressão satisfatória de sua atuação
perante os espectadores.
Figura 2: Printscreen da coluna “Identidade”
versão digital
Fonte: COLUNA
IDENTIDADE. Mais Comunicação, edição março/2012
A entrevistada do mês de março (figura 2) utiliza-se
de uma estratégia parecida da utilizada na edição anterior, ou seja, ela
escolhe em seu depoimento os mesmos termos presentes na lista dos oitos valores
organizacionais. Na coluna, ela afirma que:
O
valor que mais me identifico é a simplicidade
e o profissionalismo. Sou bem profissional
no que faço, por isso me identifico e aprecio o que a empresa faz. A ética da empresa em suas atitudes me
chama atenção também, por ser uma empresa que a cada dia vem crescendo,
procurando olhar o lado dos colaboradores que estão à frente nesta busca do
sucesso da empresa. (COLUNA IDENTIDADE, 2012b, p. 5, grifo nosso).
Percebe-se no depoimento que a empregada diz se
identificar primeiramente com apenas um valor (simplicidade e
profissionalismo), mas nem por isso deixa de recorrer a outro (ética) para
sustentar sua fala. Esse recurso aponta uma tentativa de aproveitar a
oportunidade do palco para se projetar como uma conhecedora dos termos já legitimados
no discurso organizacional.
Figura 3: Printscreen da coluna “Identidade”
versão digital
Fonte: COLUNA
IDENTIDADE. Mais Comunicação, edição abril/2012
Por fim, na edição de abril (figura 3), a entrevistada
também se utiliza da expressão “simplicidade e profissionalismo” para definir o
valor que mais se identifica.
O
valor que mais me chama atenção é a simplicidade
e profissionalismo. Todos aqui são tratados de forma humana e simples, com o mesmo objetivo em comum.
É muito motivador trabalhar em uma empresa onde as pessoas são respeitadas e se
sentem profissionais na sua área.
(COLUNA IDENTIDADE, 2012c, p. 12, grifo nosso).
Um
ponto importante dos dois últimos depoimentos analisados (figura 2 e 3) foi a
estratégia performática utilizada pelas entrevistadas. Em ambos os casos, o
valor “simplicidade e profissionalismo” foi destacado como o principal. Essa
recorrência pode ser consequência da valorização desse termo no discurso
organizacional. Na lista dos valores organizacionais, disponível no site da
empresa, “simplicidade e profissionalismo” ocupa o segundo lugar. Além disso, a
expressão também está contida na visão do negócio: “Conquistar com simplicidade e profissionalismo a
preferência do mercado de duas rodas.”. Ao escolher o uso dessa
expressão em seus depoimentos, as entrevistadas se apropriam do palco para
impressionar a plateia com uma performance cautelosamente desempenhada e,
portanto, muito adequada para o contexto organizacional, garantindo a sua
sobrevivência no ambiente de trabalho. James Scott (2013), em seu livro “A
dominação e arte da resistência: códigos ocultos” propõe que nas aparentes
formas de aceitação da subordinação pelos dominados, existem estratégias de
sobrevivência e formas de simulação que se destinam a esconder a revolta e a resistência.
O autor acredita que os subordinados, quando em relações que consideram
injustas e humilhantes, são constantemente vigiados pelos dominadores e,
portanto, partilham de suas verdadeiras crenças (os códigos ocultos), apenas
com seus iguais.
Posto isso, no caso da
coluna “Identidade”, o palco deixa de ser apenas de uso da organização e passa
também a manifestar as estratégias do ator que dele se apropria. Esse jogo de
interesses parece acontecer para os benefícios de todos que compõem o
espetáculo. A organização que acaba por reafirmar seu discurso através das
falas dos empregados e os empregados que, por sua vez, se utilizam da
oportunidade para dar visibilidade a sua performance carregada de elementos performáticos
e discursivos esperados pela plateia.
Quando um indivíduo
desempenha um papel, implicitamente, solicita de seus observadores que levem a
sério a impressão sustentada perante eles. Pede-lhes para acreditarem que o
personagem que veem no momento possui os atributos que aparenta possuir, que o
papel que representa terá as consequências implicitamente pretendidas por ele e
que, de um modo geral, as coisas são o que parecem ser. Concordando com isso,
há o ponto de vista popular de que o indivíduo faz sua representação e dá seu
espetáculo ‘para benefício de outros’. (GOFFMAN, 2013, p. 25).
O objetivo de sustentar
uma representação da realidade que lhe seja favorável, leva os atores do
contexto organizacional a aproveitarem das “situações-palcos” para
desempenharem seus papeis. A espetacularização e a midiatização do contexto
organizacional são perspectivas importantes para se entender o considerável
aumento das performances que acontecem nesses ambientes.
Nesta era do espetáculo e da
sociedade cinematográfica, as organizações parecem estar se transformando em
reinos mágicos, onde o espaço simbólico é ocupado pela retórica e pela
manipulação dos sentidos. (WOOD JR., 2001, p. 47).
Talvez,
ao perceber que essa oportunidade de ser visto no palco oficial é delegada a
poucos, o empregado busque aproveitar ao máximo de seus recursos performáticos para
se promover através de uma atuação adequada ao que a organização entende como a
ideal. A encenação é “considerada como uma espécie de imagem, geralmente digna
de crédito, que o indivíduo no palco e como personagem efetivamente tenta
induzir os outros a terem a seu respeito.” (GOFFMAN, 2013, p. 271). Essas
representações da realidade, extremamente simbólicas, corroboram com a
espetacularização dos ambientes organizacionais.
A conceituação de
“sociedade do espetáculo”, cunhada por Debord (1997), é resgatada aqui no
intuito de contribuir para o entendimento deste cenário contemporâneo em que o
processo avançado de midiatização da sociedade conduz à espetacularização das
relações. “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre
pessoas, medidas por imagens.” (DEBORD, 1997, p. 14). Partindo dessa afirmação,
fica clara a inquietação do autor com o fenômeno social em que o “parecer”
assume relevância em detrimento do “ter” e do “ser”.
O que se percebe com
o pensamento de Debord é que há uma divisão entre um real autêntico (para ele
existe este lugar, basta eliminar o espetáculo), e uma representação do real
(esta seria a categoria do espetáculo, ela requer, obrigatoriamente, uma
mediação). A mediação, para Debord é um problema [nada mais é vivido
diretamente, tese 01] (...) Vive-se através da imagem o real e o representado.
(TONIN, 2011, p. 4).
A sociedade do espetáculo
e o processo de midiatização são fenômenos contemporâneos que se aproximam
conceitualmente devido as matrizes sociais, econômicas e culturais que os
potencializaram, a saber, a sociedade do consumo, o mundo capitalista, o avanço
industrial e a lógica mercadológica. “Toda a vida das sociedades nas quais
reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação
de espetáculos.” (DEBORD, 1997, p. 13). Reforçando a proposição feita
anteriormente de que matrizes semelhantes oportunizaram os processos de
espetacularização e midiatização da sociedade, Hjavard lembra que
A midiatização não é
um processo universal que caracteriza todas as sociedades. Ela é,
essencialmente, uma tendência que se acelerou particularmente nos últimos anos
do século XX em sociedades modernas, altamente industrializadas e principalmente
ocidentais, ou seja, Europa, EUA, Japão, Austrália e assim por diante. Conforme
a globalização avança, cada vez mais regiões e culturas serão afetadas pela
midiatização, mas provavelmente haverá diferenças consideráveis na influência
que ela exerce. (HJAVARD, 2012, p. 65).
Ao
escolher fotografias que demonstrem, ao mesmo tempo, alegria e formalidade e ao
usar cuidadosamente as expressões que reforçam o discurso organizacional, o
empregado evidencia na coluna “Identidade” sua pré-leitura contextual e busca
se aproveitar de recursos imagéticos e enunciativos que favoreçam sua
encenação. Esses fatores indicam que, ao ser convidado para participar do
palco, o ator, de forma estratégica, se apropria da situação que lhe foi
concedida para também dar visibilidade àquilo que ele acredita ser importante
para atender às expectativas da plateia e, consequentemente, sua sobrevivência
no ambiente. Essas escolhas, pelo que já foi visto, são afetadas pelo contexto,
mas não deixam de ser consequência de uma escolha pessoal. Por isso, elas não
representam apenas uma tentativa de se ajustar as regras do jogo, mas de
usufruir do palco oficial para conseguir uma impressão da realidade que
certamente outra situação não fosse tão conveniente ao ator.
Os palcos oficiais, como
a coluna “Identidade”, geralmente são instâncias com mais possibilidades de
visibilidade aos atores que ali realizam suas performances, devido aos recursos
legitimadores que contribuem para sua execução. Em contrapartida, os palcos não
oficiais partem geralmente dos interesses dos funcionários, como informativos
feitos pelos empregados ou grupos secretos em redes sociais que permitem uma
manifestação mais livre das ideias. Em muitos casos, os objetivos desses palcos
não oficiais estão desalinhados aos do planejamento estratégico da organização,
sua repercussão depende das consequências imprecisas da performance de seus
atores. Quando esses palcos são descobertos, podem se efetivar em mudanças
organizacionais ou até culminar em desligamento de emprego aos envolvidos.
Poder-se-ia concluir, assim, que,
como todas as empresas humanas, a primeira declaração pública do discurso
oculto pode triunfar ou fracassar, mas, o que parece inegável é que, como
afirma Scott, quando tem êxito, a sua capacidade de mobilização é
potencialmente assombrosa. (FERREIRA; SÁ, 2013, p. 10).
Contudo, parece ser mais
comum outra situação. Por não dispor dos mesmos recursos legitimadores que os
da organização para realizar seus palcos, os empregados se utilizam de técnicas
de apropriação numa tentativa de se aproveitar dessas situações para angariar
visibilidade às suas performances.
No contexto
organizacional, os palcos em que atores e plateia compartilham da mesma
dimensão temporal e espacial são mais propícios para a manifestação de brechas
de apropriação. Afinal, essas ocasiões
dificultam um controle das atuações, já que se tornam mais imprevisíveis.
Apesar disso, a
simultaneidade entre a ocorrência do palco e a realização da performance não
inviabiliza a existência de um acordo tácito entre funcionários e organização.
Esse contrato contextual é constantemente constrangido pelos discursos e a
subversão das expectativas da plateia coloca o ator em constante estado de
perigo. “Como, por exemplo pegar uma faca pelo lado da lâmina e usar seu cabo
como um tipo de martelo.” (NUNES, 2005, p. 123).
O ato de apropriação de
um palco é sempre um ato de risco. Obviamente, alguns palcos têm suas regras de
atuação mais controladas do que outros, mas isso não os impossibilita da ocorrência
de performances estrategicamente escolhida pelos atores convidados. É
importante que fique claro que a escolha por uma performance é uma decisão do
ator, a partir do que ele acredita ser o mais conveniente para a ocasião.
4.
As performances
cínicas em palcos cínicos
Por uma questão decisória,
é comum que os reais interesses da administração não sejam revelados de forma
explícita a todos os indivíduos organizacionais. Ao invés disso, algumas ações
de comunicação são promovidas para que despertem nos empregados uma impressão
de importância para os negócios, afastando-os das verdadeiras crenças que
perpassam os objetivos e metas do planejamento estratégico. Jair Oliveira
(2013) lembra que enquanto os lucros de uma organização estiverem em uma curva
ascendente, dificilmente ela se interessará em manter um diálogo aberto com
seus empregados. Afinal, o modelo capitalista deixa claro suas verdadeiras
preocupações: o controle e o lucro. Aos demais interesses fica resguardada uma
atenção secundária. Frequentemente, esses assuntos não são pautas principais
das reuniões às portas fechadas, aquelas em que a diretoria discute seus
objetivos mais importantes.
Há um esforço dos
gestores para que rituais e normas específicas da esfera empresarial sejam
“humanizadas”; ou sejam construídas relações que se baseiem na aceitação do
“outro” (Maturana, 1999, p. 69). Este imperativo às vezes é encarado pelos
“donos” da organização como uma tentativa de eliminar o trabalho e postular “o
direito à preguiça” (Lafargue, 1999). (OLIVEIRA,
2013, p. 56).
Essas falsas iniciativas,
que escondem da plateia as verdadeiras crenças dos “donos do palco”, são
situações comunicacionais apoiadas em intenções cínicas (GOFFMAN, 2013). Ao
criar uma coluna em um veículo de comunicação interno que a princípio se
objetiva em dar o direito de fala a um empregado, a organização continua exercendo
seus princípios de controle e poder sobre suas ações.
A manipulação da
imagem relaciona-se ao uso de símbolos, metáforas e retórica na condução dos
assuntos organizacionais. Isso inclui a
geração de pseudo-ações (construídas para afetar a percepção), a criação de uma
pseudo-cultura (projetada pela alta administração para atender a objetivos
organizacionais específicos) e o desenvolvimento de pseudo-estruturas
(destinadas a legitimar situações, e não necessariamente a atender objetivos de
eficiência e eficácia organizacionais). (WOOD JR. 2001, p. 159).
Essas manobras
administrativas, que buscam a aceitação do “outro” mesmo que de forma não
sincera, contribuem para a consolidação de um ambiente organizacional satisfatório
para a gestão, na tentativa de que tragam resultados positivos aos processos do
trabalho e reafirmem uma relação amistosa entre empregador e empregado.
É pertinente observar a
complexidade da relação apresentada: de um lado está a própria organização, que
ao longo dos últimos anos tem sido cobrada pelos modelos contemporâneos de
administração que propõem horizontalizar os processos, exigindo ações de
abertura ao discurso da alteridade. Do outro lado estão os empregados, que se aproveitam
dessa abertura concedida pelos “donos do palco” para reafirmarem seu
compromisso e dedicação ao trabalho, escolhendo uma atuação adequada para a
plateia. “Usando uma imagem diferente, a própria obrigação e a vantagem de
aparecer sempre sob um prisma moral constante, de ser um personagem
socializado, forçam o indivíduo a ser a espécie de pessoa que é representada no
palco” (GOFFMAN, 2013, p. 270). Essas tensões performáticas e cínicas,
perpassadas por estratégias, táticas e intencionalidades da organização e dos
empregados, abrem margem para inúmeras análises de outras possíveis
situações-palco neste ambiente. O objetivo aqui foi analisar apenas uma dessas
ocorrências, manifestada em um caso específico, a coluna “Identidade”, mas que
certamente pode suscitar e provocar outras análises em condições parecidas que
se dão em outras organizações e outros palcos.
5.
Fechando
as cortinas
A
partir da análise do conteúdo de um informativo interno, percebe-se que as
organizações são contextos complexos que se utilizam dos processos de
comunicação para denotar seu caráter midiatizado e espetacularizado. Esse
cenário contemporâneo proliferou os palcos performáticos nas organizações, atravessados
pela lógica da mídia e do entretenimento, oportunizando interações mediadas por
construções imagéticas e superficiais da realidade.
Consequentemente, o
significativo aumento destes palcos performáticos elevou as possibilidades de
brechas para que os atores, que também são sujeitos midiatizados, pudessem se
apropriar deles para realizarem suas performances. Poucas vezes, essas apropriações são subversivas,
mas na maioria das oportunidades, elas partem de uma estratégia do ator em
adequar sua performance ao acordo tácito das circunstâncias. Ou seja, ao
escolherem atuações coerentes às permitidas pelos donos do palco, o ator se
mostra um conhecedor do ambiente em que está inserido e busca se utilizar
dessas informações contextuais para causar uma boa impressão em sua plateia e conseguir
algum benefício com essa situação. A apropriação de um palco, muitas vezes, se
apresenta de forma tão adequada e conveniente que leva a plateia a não perceber
o ato de apoderamento.
A coluna “Identidade”,
analisada neste artigo, é apenas uma parte de um complexo sistema de
estratégias performáticas que parece beneficiar todos os agentes do processo. No
intuito de evitar que aconteçam incidentes e embaraços, verificou-se a
necessidade de que todos os participantes dessa interação agenciem práticas
para salvar o espetáculo (GOFFMAN, 2013). A organização se utiliza do palco que
ela mesma construiu para reforçar seu discurso institucional através das falas
dos empregados e os empregados se utilizam da oportunidade de visibilidade do
palco para satisfazer a plateia e, consequentemente, assegurar sua
sobrevivência no ambiente.
Seria ingenuidade pensar
que a apropriação inversa não possa acontecer, ou seja, a organização se
utilizar de um palco não-oficial objetivando algum benefício. Inclusive, ela
pode usar esse recurso no intuito de oficializá-lo. Um espaço de interação
feito pelos funcionários, por exemplo, pode ser legitimado pela organização
para postular a sua política do controle.
Geralmente, essas situações são mais traumáticas, já que a organização
dispõe de mais recursos de poder do que os empregados, o que permite
apoderações mais forçadas. Não era a intenção deste artigo abordar essas
possibilidades, o que indica que o assunto ainda não está esgotado e novas
investigações podem ser suscitadas a partir daqui.
6.
Referências
BARICHELLO,
Eugenia Maria Mariano da Rocha. Midiatização
e cultura nas organizações da contemporaneidade: o processo de midiatização
como matriz de práticas sociais. In: MARCHIORI, Marlene (Org.). Contexto
Organizacional Midiatizado. São Paulo; Rio de Janeiro: Difusão; Senac, 2014, v.
8, p. 37-43.
BRAGA,
José Luiz . Mediatização como processo
interacional de referência. XV Encontro
da Compós – Grupo de Trabalho Comunicação e Sociabilidade. UNESP. Bauru, 2006.
BRAGA,
José Luiz. Dispositivos Interacionais.
XX Encontro da Compós – Grupo de Trabalho Epistemologia da Comunicação. UFRGS –
Porto Alegre, 2011.
COLUNA
IDENTIDADE. Mais Comunicação. Belo
Horizonte. Fev/2012a.
COLUNA
IDENTIDADE. Mais Comunicação. Belo
Horizonte. Mar/2012b.
COLUNA
IDENTIDADE. Mais Comunicação. Belo
Horizonte. Abr/2012c.
DEBORD,
Guy. A separação consumada. In: A Sociedade do Espetáculo. Editora
Contraponto, Rio de Janeiro, 1997. p. 8-15.
FAUSTO
NETO, Antônio. Fragmentos de uma
analítica da midiatização. Matrizes, São Paulo, v. 1, n. 2, abr. 2008. p.
89-105.
FERREIRA,
Melo; SÁ, Fátima. Apresentação. In: SCOTT, James C. A dominação e a arte da resistência: discursos ocultos. Lisboa:
Letra Livre, 2013. 340 p.
FRANCA,
V. R. V. . Sujeito da comunicação,
sujeitos em comunicação. In: GUIMARÃES, C.; FRANCA, V.. (Org.). Na mídia,
na rua: narrativas do cotidiano. 1ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p.
61-88.
FRANÇA,
V. R. V. Comunicação e Cultura: Relações
Reflexivas em Segundo Grau. Coleção Faces da Cultura e da Comunicação
Organizacional. Editora Difusão, Rio de Janeiro, 2013. p 23-33.
GOFFMAN,
Erving Ritual de interação: ensaios
sobre o comportamento face a face. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 258 p.
GOFFMAN,
Erving. A representação do eu na vida
cotidiana. 19 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. 273 p.
HJAVARD,
Stig. Midiatização: teorizando a
mídia como agente de mudança social e cultural. In: Matrizes, São Paulo, Ano 5,
n. 2, jan/jun 2012. p. 53-91.
LM
BIKE. Quem somos. Disponível em: <
http://www.lmbike.com.br/#!quemsomos/cqn6> Acesso em 23 jun. 2015.
NUNES,
Jordão Horta . Interacionismo simbólico
e dramaturgia: a sociologia de Goffman. 1. ed. São Paulo/Goiânia:
Humanitas/Editora UFG, 2005. 257 p.
OLIVEIRA,
J. A. . A Linguagem Performativa na Comunicação Organizacional. In: Ivone
Oliveira; Marlene Marchiori. (Org.). Comunicação,
Discurso, Organizações. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013, v. 6, p.
53-70.
SCOTT,
James C. A dominação e a arte da
resistência: discursos ocultos. Lisboa: Letra Livre, 2013. 340 p.
TONIN, Juliana. Paradoxos
da Imagem. Grupo de Trabalho Imagem e Imaginários Midiáticos. Compós, 2011.
Porto Alegre
WOOD
JR, T . Organizações Espetaculares. Rio
de Janeiro: Editora FGV, 2001. 206 p.